terça-feira, 14 de julho de 2015

Luto


Passar pelo luto, fazer o luto, conviver com o luto é muito difícil. Além de ter várias fases, é quase como se fosse um ciclo vicioso, e talvez seja assim mesmo.
Primeiro passamos por aquela fase de dormência, em que nos apercebemos que algo de mau aconteceu e nos levou uma pessoa querida. Queremos sentir, e sentimos, no entanto parece que entramos num estado em que estamos anestesiados e os sentimentos, as emoções estão um pouco deturpadas, e o seu verdadeiro sentido, a sua verdadeira essência não se manifesta por completo.
Depois vem o choque, em que acordamos para a realidade e começamos a apercebermos-nos que aquela pessoa tão querida já não está entre nós e nunca mais vai voltar. Nesta altura as emoções chegam com maior intensidade, e por mais controlo que queiramos ter, por mais racionais que tentemos ser, o "coração" fala sempre mais alto, e a tristeza, a dor, a agonia, a revolta, o vazio tomam conta de nós. Nesta fase, neste momento parece que nada faz sentido, que nada é justo, nada é correcto. As lembranças surgem a toda a hora, as imagens passam diante dos nossos olhos como se fossem flashs, a saudade começa a ficar mais forte, mais pesada, mas apertada. A ausência daquela pessoa manifesta-se todos os dias, a todo o momento. É impossível não pensar, não lembrar, não desejar que o tempo voltasse atrás e que fosse tudo diferente.
Depois chega aquela fase em que parece que tudo o que aconteceu é mentira, mesmo que saibas que é verdade, é difícil acreditar no que aconteceu, que é realidade e que terás que conviver com esta situação para o resto da vida. É difícil acreditar nesta nova condição, que nunca mais irás ver aquela pessoa, nunca mais a irás abraçar, tocar, beijar, nem falar. Supostamente o tempo deveria ajudar, mas até ao momento apenas está a piorar, apenas está a intensificar a perda, a ausência, a realidade. Mas o tempo não é tudo, e passe um mês, dois, três, um ano, cinco ou dez a saudade irá estar sempre presente na minha vida, irei sempre sentir a tua falta, irei sempre querer ter passado mais tempo contigo, ter feito mais coisas contigo.
A tua presença estará sempre na minha memória, e não sei quando irei deixar de chorar por já não te ter aqui. Só espero que onde estiveres estejas bem e nos acompanhes neste momento difícil, nos dês metade da força que tinhas para podermos continuar. Um beijo enorme e uma abraço apertado meu papito do coração.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Um olhar sobre ti



Não há palavras suficientes para te descrever, há sempre alguma escapa, sempre alguma que não chega para completar o pensamento. Não é por seres meu pai, mas eras um dos homens da minha vida. Um daqueles que eu amo, que eu admiro, e que me sinto orgulhosa por ter traços da tua personalidade vincados em mim. Não eras uma pessoa de demonstrar sentimentos com facilidade, por vezes quase que tinham que ser arrancados à força, mas quando demonstravas eram dos mais genuínos. Bastava um olhar, um sorriso, uma cara mais séria para sabermos o que estavas a pensar ou a sentir. 
Gostavas de guardar tudo para dentro e não dar parte fraca, e sinceramente raras foram as vezes que te vi em baixo, arranjavas sempre uma forma de te camuflar. Eu sei que sofrias, muitas vezes em silêncio, mas também sei que a tua vontade de lutar e a esperança que ficasses bem eram ainda maiores. 
Sempre foste uma pessoa aventureira e que gostava de arriscar, por vezes tinhas aquela irresponsabilidade que nos fazia olhar para ti como uma criança rebelde, que desavia tudo e todos para mostrar do que é capaz. Sempre te considerei uma pessoa corajosa, que não tinha medo do que pudesse encontrar. Sempre viveste para o presente, sem fazer grandes planos para o futuro, talvez seja por isso que quando olhava para ti não via um pingo de dor nem de medo, tudo se iria consertar.
Foste um lutador, um guerreiro nesta tua batalha. No início sentiu-se a revolta, e por isso querias levar a tua avante, e não deste ouvidos a quem te aconselhou. Mas a idade e a experiência fizeram-te ver que estavas errado, e seguiste o teu rumo conforme o que te foi dito. Tentaste viver a vida, tentaste dar a volta por cima, adaptaste-te à tua nova condição, e não te ouvi queixar, por vezes partilhavas algumas palavras de arrependimento, mas o que passou faz parte do passado, o que importava era viver o dia a dia, como melhor pudesses.
É por isto tudo que eu acho que foi injusto a forma como partiste, a forma como a tua caminhada acabou. Tu querias dar mais, querias viver e fazer mais, mas algo te parou. Não acho que desististe, tu ainda querias lutar mais, caso contrário não te tinhas submetido a todos os tratamentos que te impuseram. Tu tinhas esperança de melhorar, que pudesse correr bem, e embora te visses com certas limitações não baixaste a cabeça. Perdeste parte da tua independência mas mesmo assim tentavas dar a volta por cima e contrariar o que te estava a acontecer. Continuavas com as tuas invenções,que te permitissem ter um melhor rendimento no trabalho e nos teus passatempos. Sempre foste habilidoso, eras um artista, e embora tivesses poucos estudos, eras muito mais inteligente que muitas pessoas que conheci que têm um canudo. A tua curiosidade sempre te fez querer mais, pesquisar para aprender coisas novas e fazê-las com as tuas próprias mãos, tinhas uma veia de inventor.
Agora que não estás presente, vai ficar a eterna saudade de querer falar contigo, querer abraçar-te e beijar-te e não o poder fazer. Vai ficar a lembrança do grande homem a quem tenho o orgulho de dizer que foi meu pai. Do homem que me fazia rir com as suas palhaçadas e boa disposição, do homem que me sabia pôr na linha apenas com um olhar, do homem que ajudou a criar a mulher que sou hoje em dia. Irás estar sempre comigo, irás acompanhar-me para sempre, onde estiveres, e sempre que estiver mais triste ou a sentir-me mais desamparada irei lembrar-me de ti como um exemplo de luta e de coragem. E tu agora finalmente poderás descansar, poderás ser livre, e não te preocupes que nós iremos fazer tudo para ficarmos bem, sempre contigo no pensamento.
Até breve papito...

quinta-feira, 12 de março de 2015

Erva daninha




Após seis anos de luta eis que surge mais uma armadilha ao longo do caminho. Todo o esforço, toda a luta, toda a dor, eis que agora chega de forma ainda mais avassaladora, sem aviso, sem permissão... Esta erva daninha, como tu lhe chamas, que nasceu sem ser semeada, teima em aparecer sem ser desejada. Arranca-se num lado, surge noutro. Porquê? Porque é tão difícil chegar à sua raíz? Como é que tem a capacidade de se reproduzir desta forma? 
Tens lutado contra ela, tens desbastado o caminho em que ela surge e quando pensaste... quando pensámos que a terra estava limpa, de forma a ser plantada nela as sementes que escolheste, lá está ela, a irromper terra acima, a contaminar novamente a plantação, a afectar o seu desempenho em crescer e em vingar saudávelmente.
Vamos agarrar nas foices, nas pás, na força que possuímos e vamos ceifar até que não reste uma folha sequer, esta erva daninha não é mais forte que tu, não é mais forte que nós juntos, e vamos derrotá-la e íremos destrui-la pela raíz.
 

sexta-feira, 5 de abril de 2013

A morte


Senhora morte, ou poderei dizer Ceifeiro(a), como popularmente és conhecida, diz-me, qual é o teu critério de escolha qunado decides levar alguém deste mundo? Está certo que a idade não é um deles, pois velhos e novos são todos incluídos no teu pacote. Bons e maus também não é de certeza, pois cobres ambos com o teu manto negro. Levas para junto de ti os moribundos e os saudáveis. Levas aqueles em que a morte é algo certo, mas também aqueles que ninguém espera que se vão tão cedo. Por isso pergunto mais uma vez, qual é o teu critério de escolha? Ou será que não existe e é mero acaso? Ou será que todos nascemos com o destino traçado por "alguém" que decide quanto tempo podemos viver e quando devemos padecer perante ti?
A única coisa que temos certa quando nascemos é que um dia virás para nos retirar o último suspiro, até lá vamos caminhando em direcção à impersivibilidade. Qual é o teu critério?

domingo, 20 de janeiro de 2013

Expectativas

O conceito de expectativa é definido como o "acto de esperar", ou "esperança baseada em supostos direitos, probabilidades, pressupostos ou promessa". Todos nós as criamos em relação a alguma coisa. Sempre me perguntaram quais eram as minhas expectativas em relação ao meu futuro, e a minha resposta era baseada nos meus sonhos, nos meus objectivos, nas minhas ambições, a idealização de que um esforço teria um retorno uns anos mais tarde. Hoje em dia quando me perguntam quais são as minhas expectativas em relação ao meu futuro a verdade é que fujo dessa resposta, porque acho que neste momento não faz sentido criármos expectativas em relação a ele, podem chamar de uma visão pessimista, mas eu considero-a uma visão apenas realista, nada mais.
Como é possível criar expectativas quando vivemos uma instabilidade económica cujas previsões são de um futuro incerto? Como é possível criar expectativas quando não se tem emprego, ou quem os tem está numa situação incerta ou precária? É o momento em que os sonhos e os objectivos deixam de fazer sentido e se passa para uma situação de desenrasque... Já apelidaram muitas vezes a minha geração de "Geração à rasca", diminuíndo quem lutou e se esforçou, incluíndo os bons e menos bons todos no mesmo saco, a verdade é que existem muitas pessoas a ocuparem cargos sem mérito nenhum, apenas a "coçarem a micose", não há espaço para os mais novos, que até poderiam fazer a diferença, porque não há oportunidades, e os "dinossauros" da sociedade ocupam os lugares que hoje poderiam ser nossos, estão cansados e sem vontade de trabalhar e de contribuir para a evoluçao do país, apenas se acomodaram aquela situação, só se preocupam com greves e manifestações, apenas reclamam e não apresentam soluções. Que expectativas podemos criar em relação a isto? Quando o factor "C" (Cunha) é o único que dá acesso a um bom emprego? 
Neste momento a minha única expectativa é continuar a lutar por aquilo em que acredito, a tentar melhorar e tentar fazer algo de útil, desenrancando-me de uma forma ou de outra, mas sem perder a dignidade e a integridade.
 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Saudade


Saudade é aquele sentimento que está sempre connosco, que não nos larga em momento algum. É  a eterna companheira dos bons e maus dias, bons e maus momentos. É a única que não nos abandona, mas a sua presença trás por vezes um vazio enorme, um aperto no peito. É aquela que tem a capacidade de nos fazer sorrir e chorar. Trás à nossa memória momentos passados e momentos mais recentes, e o seu sabor pode ser doce ou amargo.
Faz de nós seres incessantes em busca de algo que passou, de algo que poderá vir. Tem a capacidade de alterar o nosso estado de espírito e de nos transportar para momentos que não existem mais. Por vezes é dolorosa, outras apenas uma boa lembrança.
Não adianta tentar excluí-la de dentro de nós, pois faz parte da nossa natureza....

quinta-feira, 7 de junho de 2012



"Lute com determinação, abrace a vida com paixão, perca com classe e vença com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante." Charles Chaplin